Havana: primeiras impressões

Começamos nosso primeiro dia em Havana olhando pelas janelas e observando as redondezas agora com a luz do dia. Para um lado tínhamos a vista do Hotel Nacional e Malecón, mas também avistávamos construções em mal estado de conservação e desgastadas pelo tempo. Para o outro, as condições eram bem piores e por alguns instantes fiquei olhando, observando e tentando entender a realidade do país. Nos hospedamos em um dos bairros mais bem conservados da cidade e a fotografia era aquela. Fiquei pensando o que veríamos nas próximas horas….

Para o primeiro dia, havíamos trazido pão (bisnaguinha), café, açúcar e adoçante, portanto não precisamos sair pra comprar nada. Usei o fogão mega antigo pra fazer a comidinha da Camila e então estávamos prontos para começar a desbravar Havana. Decidimos seguir caminhando até Havana Vieja (que estava distante 5 km) e assim já conhecer mais a fundo a cidade.

Nossa primeira passada foi no Malecón (a calçada que contorna a orla de Havana com 8 km de extensão) e a fachada do Hotel Nacional. Apesar de ser 25/12, a vida corria normalmente pois o Natal passou a ser feriado poucos anos atrás com uma visita do papa à ilha. O clima não estava tão quente quanto imaginávamos e com isso a caminhada estava bem agradável. Fomos sem pressa, parando em cada lugar que merecia uma foto nas redondezas.

Quando a paisagem tornou-se monótona, resolvemos entrar nas ruas menos movimentadas e aí sim começamos a conhecer a Havana da vida real. Num primeiro momento, pensamos: ah, no Brasil tem vários lugares mal conservados. Ah, aqui parece o centro velho de tal lugar… Até que nossas justificativas internas não serviam mais para nos consolar. Muita precariedade, cheiro ruim, prédios parecendo que iam desabar a qualquer momento. Apartamentos lotados de moradores, comércios com filas enormes de locais, mercadinhos com pouquíssimas variedades e ofertas de produtos. Apesar de tudo, pessoas tranquilas e felizes pelas ruas e um clima de segurança que nunca vivi em regiões com condições similares aqui no Brasil. Confesso que nessas primeiras andanças eu pensei: o que é que vim fazer aqui? Mas bastou mais alguns passos para que eu entendesse o porquê: viver uma incrível experiência de vida!

Outra “atração” no trajeto eram os carros super antigos (uns mais bem cuidados, outros nem tanto), os bicitáxis e cocotáxis, bem como as construções em bom estado de conservação que eram raras nesse pedaço da cidade. Uma conclusão que chegamos é que os prédios que têm alguma participação do dinheiro proveniente do turismo geralmente são melhorzinhos.

Em nosso caminho, encontramos o Callejón de Hamel, uma rua dedicada à cultura afro-cubana com um clima bem turístico. Por ali, conversamos com alguns locais, entendemos um pouco do trabalho deles e aproveitamos para registrar os momentos. Foi um oásis em meio ao caos que estávamos vivenciando.

Até chegarmos à Havana Vieja tivemos mais uns bons minutos vivendo e refletindo sobre a pobreza e escassez. Foram momentos de muitas conversas e dúvidas sobre as condições do povo cubano, sobre o idealismo de Fidel Castro e Che Guevara, sobre prós e contras do socialismo. Dentre todas as viagens que já fizemos, essa com certeza foi a em que mais falamos sobre história e política, pois é impossível ver tudo isso que estávamos vendo e não tentar entender.

Ter feito essa caminhada pela Havana real foi incrível apesar de esteticamente não ter sido nada agradável. Welcome to Cuba, parte 2!

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